quinta-feira, 15 de maio de 2014

O Mercado de Combustível Brasileiro

O mercado de combustível é uma das ramificações da indústria do petróleo. No Brasil representa o segundo produto derivado do petróleo (em volume). Refino, transporte e comercialização formam a cadeia do mercado de combustível, a qual envolve unidades industriais (as refinarias), uma extensa rede de distribuição, com dutos e caminhões, e milhares de postos de revenda, através dos quais, o produto chega ao consumidor final.
No bojo das reformas promovidas pelo estado brasileiro desde a década de 90, o setor de combustíveis líquidos vem sendo desregulamentado. A Lei do Petróleo, Lei no 9478/97, estabeleceu um período de 36 meses para a desregulamentação total do setor de combustíveis.
No entanto a desregulamentação total só ocorrera no dia 1o de janeiro de 2002, quando os preços dos derivados de petróleo da refinaria até o consumidor final foram liberados, os subsídios extintos e a importação passaram a ser livre.


Refino


A etapa de refino é constituída por 13 refinarias de petróleo. Cerca de 98,5% da capacidade total de refino se concentra nas refinarias estatais, pertencentes à Petrobrás (Tabela 1). O mercado de refino no Brasil constitui então um oligopólio que desrespeita a premissa do modelo de concorrência perfeita, onde deveria haver um grande número de firmas com pequena participação no mercado. A Petrobras atua como uma firma líder no mercado fixando o preço da combustível.
Além da concentração de mercado, o refino de petróleo também apresenta uma grande concentração geográfica. 69% da produção de combustível se concentram nas refinarias do sudeste (Gráfico 1). Das treze refinarias existentes no país 4 delas se situam em São Paulo, 2 no Rio de Janeiro, 2 no Rio Grande do Sul e as outras 5 restantes se situam cada uma em um estado diferente, sendo eles: Minas Gerais, Bahia, Paraná, Amazonas e Ceará.
Segundo Martins (2003) a etapa de refino, ao que tudo indica, continuará a ser um quase monopólio por conta da estrutura do setor. Além das economias de escala existentes já criarem uma barreira à entrada, outros fatores dificultam a introdução da concorrência. Ausência de tradição regulatória e as limitações impostas pela infraestrutura de transporte e armazenamento dificultam a entrada de novos agentes.
“Pode-se concluir que a reforma regulatória e a introdução da concorrência no segmento downstream da IBP (Indústria Brasileira do Petróleo), com o objetivo de imprimir à mesma maiores níveis de eficiência alocativa e, possivelmente, os menores níveis de preços geralmente associados aos mercados ‘abertos’, encontra sérias dificuldades na configuração do parque de refino e das atividades de produção de petróleo e distribuição de derivados de petróleo no Brasil.” (Martins, 2002, p. 122)

Tabela 1: Participação Percentual das Refinarias-2002




Gráfico 1: volume de combustível produzido por região

 

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Anuário Estatístico 2003 – ANP


Distribuição


O combustível brasileiro possui uma especificidade única ao ser composta por 75% de gasolina e 25% de álcool etílico. O álcool etílico, misturado a combustível, é produzido a partir da cana-de-açúcar em diversas destilarias espalhadas pelo país.
O setor de distribuição é formado por empresas que compram a gasolina nas bases de distribuição, misturam a ela o álcool etílico e levam o combustível até os postos que vendem o produto ao consumidor final.
Os custos das distribuidoras estão relacionados, dentre outras coisas, à distância percorrida pelos caminhões. Quanto mais distante um dado posto estiver de uma base de distribuição maior será o custo de transporte do combustível, logo, é de se esperar, que o combustível chegará a um preço mais elevado nas localidades que estão mais distantes das bases de distribuição.
O mercado de distribuição do país é composto por dezenas de empresas. Por conta da concentração de mercado (Tabela 2), esta etapa também viola as premissas do modelo de concorrência perfeita.
A revenda de combustível também está muito concentrada geograficamente (Gráfico 2). A região sudeste representa metade do mercado (53%). São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina são os estados que mais comercializam o produto. São Paulo sozinho tem uma grande participação, um quarto do mercado nacional (24,25%).

Tabela 2: Participação Percentual das Distribuidoras - 2002




Gráfico 2: distribuição de combustível por região

 
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Anuário Estatístico 2003 – ANP


Revenda


A revenda representa a última etapa da cadeia do mercado de combustível. É no segmento de revenda que o produto chega ao consumidor final. O mercado de revenda nacional é constituído por milhares postos de revenda. A Resolução no 273 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) define como posto revendedor qualquer:
“Instalação onde se exerça a atividade de revenda varejista de combustíveis líquidos derivados de petróleo, álcool combustível e outros combustíveis automotivos, dispondo de equipamentos e sistemas para armazenamento de combustíveis automotivos e equipamentos medidores.” (Resolução do CONAMA no 273 de 29 de nov. de 2000)

A etapa da revenda do mercado de combustível nacional também viola as premissas do modelo de concorrência perfeita por conta da concentração do mercado. Embora as empresas aqui estejam na casa dos milhares, existem 6 empresas que, juntas, detém 86% do mercado (Tabela 3).
Assim como a etapa do refino e da distribuição, a revenda também apresenta uma grande concentração geográfica, a região sudeste representa 47,87% do mercado, seguida pela região sul, 21,26%, região nordeste 16,84%, região centro-oeste, 9,09% e pela região norte, 4,94% (Gráfico 3).
Os postos revendedores podem se filiar à bandeira de uma distribuidora ou não. Os postos que não se filiam à bandeira de nenhuma distribuidora são denominados de postos de bandeira branca e podem comprar o combustível de qualquer distribuidora. Já os postos que se filiam a uma dada bandeira só compram o combustível da distribuidora da sua bandeira.
A estratégia competitiva da distribuição e da revenda, analisadas a partir das associações entre os revendedores e os distribuidores, por conta das bandeiras, é analisada a seguir.


Tabela 3: Participação Percentual das Bandeiras dos Postos - 2002


Gráfico 3: distribuição dos postos por região

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Anuário Estatístico 2003 – ANP

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